As atividades realizadas com auxílio de especialistas contribuem para a retomada das tarefas cotidianas.
Apesar dos cuidados essenciais que devem ser tomados durante cirurgias, o sucesso de qualquer operação depende também de precaução ao longo do período pós-operatório. Cada intervenção requer atenção específica do paciente conforme o perfil, gravidade e recomendações médicas. Entretanto, a fase de recuperação não é necessariamente sinônimo de imobilidade, como avaliou a professora de fisioterapia Maria Estela Peccin, mestre em reabilitação pela Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao programa Rota Saudável, da Rádio Estadão.
“Mesmo aqueles que passaram por cirurgias de grande porte não ficam parados nem mesmo no hospital”, afirma Maria Estela, que atua com maior enfoque no restabelecimento de indivíduos que foram submetidos a procedimentos traumatológicos e ortopédicos. A profissional explica que é necessária a paralisação da área que foi diretamente afetada pela intervenção, fato que não impede o estímulo das demais partes do corpo do paciente. “Se for uma operação de prótese de quadril ou de joelho, em que há a substituição da articulação por outros materiais, é praticada fisioterapia tanto nos momentos anteriores como posteriores”, pontua.
De acordo com a professora, as primeiras atividades indicadas aos pacientes são aquelas que estimulam o sistema circulatório, sem comprometer a parte operada. No caso de cirurgia no joelho, após a imobilização das extremidades, que se tratam de pé e tornozelo, é aplicada a prática de contração muscular estática. Ou seja, contrai-se o músculo sem movimentar as articulações. “Além disso, trabalhamos com os membros sadios e o aparelho respiratório para manter o condicionamento físico”, relata. Em seguida, quando o paciente se encontra em melhores condições, é realizada a mobilidade passiva no segmento em que ocorreu a cirurgia e que não possa ter contração muscular.
Apesar destas orientações, Maria Estela ressalta que a preocupação com a cicatrização não deve ser colocada em segundo plano. “Ainda assim, esses exercícios são responsáveis pela regeneração corporal.”
A respeito do receio de sentir dores no pós-operatório, a especialista argumenta que o indivíduo não será forçado a fazer alguma prática que cause um incômodo prejudicial. “A fisioterapia não deve agravar nenhum quadro sintomatológico, mas preservar a função do paciente. Há, inclusive, comprovações científicas para esta situação”, avalia.
No entanto, se o recém-operado sentir desconfortos durante as atividades, a profissional destaca que eles devem estar relacionados à etapa aguda que em que se encontra o processo cirúrgico. Por outro lado, mexer o corpo pode diminuir o tempo de recuperação do paciente: “Implementamos as técnicas apropriadas no período que sucede a cirurgia e ao longo da internação com o objetivo de que a pessoa saia do hospital capacitada e, posteriormente, continue seguindo as recomendações do especialista”, observa a professora. Ademais, é fundamental que a indivíduo mantenha a rotina de exercícios em casa.
Maria Estela salienta que com a utilização de técnicas minimamente invasivas, há maior possibilidade de retomada das tarefas cotidianas após a recuperação médica. “Depende da intervenção, porém alguns procedimentos podem restringir a agilidade normal do paciente”, alega.
Fonte: Estadão